Quando estamos a sós... quando o teu corpo enlaço e mergulho o meu rosto em teus cabelos soltos, por Deus que nem eu sei o que sinto, o que faço, há em mim a confusão de desejos revoltos!
Tendo os lábios aos teus longamente apertados, misturo em nossas bocas nossa própria Vida, e ao te sentir pesar em meus braços, vencida, o mundo é um caos que gira em meus olhos cerrados...
Quando encontro em meu corpo o teu corpo macio, os seios soltos, nus... fremindo no meu peito, abraço-te numa ânsia !
... e depois que te estreito sou como um tronco em queda a soltar-se num rio! Eu te quero e desejo! ...
Esse amor que me dá é uma alucinação que cega os meus sentidos... Meus braços te enlaçando, querem sempre mais até que os nossos corpos rolem confundidos...
Não há nada no mundo, eu junto a ti, sou franco! Desprezo a terra inteira, e todos os tesouros para poder beijar o teu pescoço branco e desmanchar com as mãos os teus cabelos louros!
Não há mundo, se te ouço num débil sussurro a debater-se em vão e a murmurar: "sou tua! Cobre-me de carícias que me sinto nua e aperta-me ao teu peito que em teus braços, morro!" .............................................................
Quando estamos a sós... calados, esquecidos, nosso amor é um incêndio esplêndido, sensual, e julgamos morrer ao seu calor, vencidos ao sublime estertor de um desejo imortal !
(J.G. de Araújo Jorge)