Segunda-feira, Outubro 13, 2008
...É certo que quanto maior é a causa da dor,maior se faz a necessidade de para ela encontrar consolo,e este ninguém pode me dar, além de ti.Tu és a causa de minha pena, e só tu podes me proporcionar conforto.Só tu tens o poder de me entristecer, de me fazer feliz ou trazer consolo.
Carta de Heloísa a Abelardo
E como fazer quando a sua maior alegria se torna sua dor maior?
Desde criança não considero o coração como órgão responsável pelos sentimentos, e sim o estômago... é no estômago onde sinto a alegria manifestada através de uma onda espaçada e longa de calor, ou calafrios quando não me sinto bem.
Quando sinto raiva de verdade (por sorte foram poucas vezes) sinto a bile subindo pela garganta e corroendo por onde passa (típico da raiva). A raiva é corrosiva como a bile.
Quanto estou triste ou magoada perco o apetite... lembro-me de talheres suspensos no início ou meio de uma refeição quando eu me desentendia com alguém. Ou de eu me levantando furtivamente e indo embora deixando meu acompanhante atônito. Sou assim... quando sinto pontadas no estômago eu jamais as ignoro, são sinais que meu corpo me dá. Agora não sinto fome e meu estômago dói, não pela ausência do alimento, mas por uma confusão absurda de sentimentos contraditórios.
Acredito que temos a proporção exata de um dia de cada vez justamente para não enlouquecer... se eu pensar em tudo de uma vez (como me é peculiar) eu enlouqueço, então me sobra a árdua tarefa de me ater ao presente e não nos próximos e difíceis dias. Estou impedida de fugir, não posso escapar, pois trago meus pensamentos, carrascos, dentro da minha cabeça repetindo coisas, ecoando vozes... tento ignorar e não pensar mas, não depende de mim. O pensamento tem vontade própria e nunca coincide com a minha.
Está doendo, e a dor nunca foi tão aguda, provavelmente porque nunca o amor foi tão forte também. Os sentimentos têm sua exata proporção...
Postado por Eu mesma às 3:58 PM
SOBRE MIM
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